segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Que feio, analisando de novo.

Eu fico sempre analisando as coisas, deve ser uma doença.
As pessoas acham estranho, algumas dizem que eu tenho um olhar romântico, que eu vejo as coisas singelas e belas da vida. As outras acham que feio o que eu faço, e que vejo sempre um defeito nas coisas. Naum sei, acho que é difícil ver uma coisa feia por completo, uma coisa que naum me agrade. Algumas pessoas naum me agradam mesmo, mas isso é natural de todas as pessoas. Mas analisar até a pessoa que você naum gosta, e ficar deduzindo coisas sobre ela é meio psicopata.
Estava eu a semana passada degustando meu almoço, um cachorro-quente de beira de rua, sentada tranquilamente olhando as outras pessoas correndo para pegarem seu ônibus, como quem assiste TV.
E voltei a analisar a mulher que prepara o meu cachorro-quente. Ela já virou um objeto de analise rotineiro. Naquele dia em especial ela estava com uma blusa que mostrava suas ancas e a barriga. Aquela postura estranha e feia. Acredito eu que sou uma das raras pessoas que foram criadas nos tempos modernos ouvindo coisas como "você deve ser sempre elegante e granfina, jamais demonstre cansaço ou dor". Além da postura arcada dela, ela apresentava nesse dia umas mexas de cabelo seco e como de sempre a pele queimada de sol e prejudicada pela poluição da rua.
Coisa assim me deixam penalizada, sei que ela naum conhece outra forma de vida, ninguém disse pra ela que o mundo oferece inúmeras oportunidades. Ela simplesmente nasceu, aprendeu a ler, se casou, teve um filho e conseguiu um bico no carrinho de cachorro-quente da cunhada. Parece que as pessoas preferem o simples e difícil, pq o pai dela vive assim, a cunhada, a prima.
Eu perguntei a ela:
__Você faz recolhimento do INSS?
__Eu naum tenho carteira assinada.
__Não precisa ter carteira assinada, até dona de casa pode fazer, é só fazer o cadastro e contribuir mensalmente. Encare isso como uma prestação da geladeira. O dia que você ficar doente ou estiver com idade avançada naum vai mais poder trabalhar, você vai precisar de um auxilio, e é melhor que você naum dependa essencialmente da renda do seu parceiro quando precisar.
Ela respondeu com uma descrença que ia procurar.
Ainda vou convencer-la de que merece o mínimo de conforto, nem que seja só na velhice.

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